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Nem ajuda inglesa foi suficiente para “fijianos voadores” pararem Gales

UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Stu Forster/Getty Images

Foto: Stu Forster/Getty Images

(Até o grandalhão galês Alun Wyn-Jones sofreu com a potência de Fiji)

A confiança é uma virtude traiçoeira. Que o diga o País de Gales, novo líder do grupo da morte deste Mundial 2015. Embalados por uma vitória histórica sobre a Inglaterra – há cinco dias, em Londres – passaram no aperto (23-13) por Fiji nesta quinta-feira.

A partida era crucial para o grupo “A”, que também conta com a bicampeã mundial Austrália (rival da Inglaterra no próximo sábado, em duelo de vida ou morte). E a possibilidade de Fiji dar uma mão aos ingleses mobilizou os fãs de rúgbi, unindo milhões de torcedores pelo país – e alguns milhares de “invasores” no Millenium Stadium de Cardiff, capital galesa. O clima era tenso. E se refletiu totalmente na partida.

Em um jogo equilibrado, disputado e brutal, como já era esperado, os galeses não conseguiram transformar a superioridade tática e técnica em pontos. Logo, sofreram com o embate físico, escancararam alguns pontos fracos e foram obrigados a apelar para a raça e a qualidade de jogadores chave.

Em um duelo tão aberto e emocionante, a precisão e a inteligência da dupla Gareth Davies (#9) e Dan Biggar (#10) fizeram a diferença. A liderança de Sam Warburton (#7) também rendeu confiança e ânimo extra para os galeses nos momentos mais críticos.

Acontece que a ousadia dos fijianos também é uma característica perigosa. Contra Gales, eles jogaram o tempo inteiro no limite. Arriscaram passes em zonas perigosas do campo, apostaram e levaram a melhor no confronto homem a homem e abusaram dos dribles.

Enfim, fizeram tudo o que lhe renderam a justa fama de seleção arisca e ameaçadora e o divertido apelido de “fijianos voadores” ou flying fijians. Mas tudo isso foi pouco para voar mais alto no mundial. Com a derrota de hoje, Fiji está fora das quartas-de-final.

Para quem segue na disputa, este terceiro triunfo seguido de Gales joga de vez a “bomba” para a mão dos ingleses. Austrália e Inglaterra, no próximo sábado, farão o primeiro jogo com cara de final neste Mundial.

Foto: GABRIEL BOUYS/AFP

Foto: GABRIEL BOUYS/AFP

(O camisa 10 galês Dan Biggar anotou três penais e se tornou artilheiro do Mundial)

França acelera o ritmo e mantém invencibilidade

Depois de vitórias mornas contra a Itália e a Romênia, os atuais vice-campeões mundiais venceram nesta quinta o Canadá (41-18) em confronto intenso, bem jogado e cheio de tries. Se de um lado os franceses aumentaram a potência, do outro o Canadá surpreendeu ao fazer frente a uma das principais escolas do rúgbi mundial.

Este maior equilíbrio da Copa – com notável diminuição do degrau dos gigantes para os menores – foi comprovado em números pela World Rugby, entidade máxima do esporte.

Segundo as estatísticas, o auge do desequilíbrio aconteceu no Mundial de 2003. De lá para cá, o número de pontos feitos pelos vencedores diminui (10 por jogo, em média).

Além disso, a margem de diferença em uma partida (vencedor versus perdedor) atingiu 26 pontos, a menor desde 1992, quando o try passou a valer cinco pontos. Mesmo que o número de tries tenha diminuído, o nível de competição e emoção só aumentou.

Neste cenário mais duro para as grandes potências, a França segue 100 % no Mundial 2015 com suas três vitórias. Mas ainda não foram testados para valer. A prova de fogo vai acontecer no jogo decisivo pelo primeiro lugar do grupo “D”, contra a Irlanda, daqui a 10 dias.

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Foto: Paul Gilham/Getty Images

(Mathieu Bastareaud quebra a linha do Canadá na vitória francesa)

DICA DO DIA: Se está chegando agora no mundo do rúgbi, entenda como os times pontuam nos jogos:

TRY (cinco pontos): é preciso chegar ao extremo do campo adversário, ultrapassar a linha contínua e apoiar a bola no chão.

CHUTE DE CONVERSÃO (dois pontos): o try dá direito a um chute de conversão. É necessário acertar a bola dentro do “H”, entre os paus verticais e acima do “travessão” horizontal.

PENAL OU DROP GOAL (três pontos): No meio do jogo, também é possível aproveitar uma penalidade a seu favor para chutar em direção ao “H”. Neste caso, apóia-se a bola em um suporte, o tee. No caso do drop goal, qualquer jogador (geralmente o número 10) chuta com o jogo rolando em direção ao mesmo “H”. Esse chute precisa pingar no chão, como um “bate-pronto”.

O CARA: Frederik Michalak. O experiente camisa 10 da França se tornou o maior pontuador da história do seu país em Mundiais no duelo de hoje contra o Canadá.

A IMAGEM: Mesmo fora do Mundial, os fijianos receberam o reconhecimento merecido. Foram aplaudidos em um dos grandes templos do rúgbi, o Millenium Stadium, de Cardiff.

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

A FRASE: “Isso aqui foi muito difícil, eu saí morto do primeiro tempo. Crédito total para Fiji, que jogou como quem não tinha nada a perder… Se tem um time que pode te surpreender quando você menos espera, esse time é Fiji”, Sam Warburton, terceira-linha e capitão do País de Gales.

LONDON EYE: A Nova Zelândia volta a campo na sexta-feira contra a Geórgia (16h) em jogo único da rodada. O que deve ser mais uma vitória fácil dos campeões mundiais (e um show de rúgbi) terá como tempero extra a entrada de Waisake Naholo  (#14) como ponta, depois de uma recuperação milagrosa de contusão, e Sonny Bill Williams (#12) saindo de titular.