Japão volta a campo para mostrar que não foi uma zebra passageira
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Capitão da seleção do Japão, Michael Leitch dá entrevista coletiva antes do jogo contra Escócia
Dois dias sem Copa do Mundo já deixam os fãs de rúgbi apreensivos. Como podem nos dar tanta alegria e emoção em um fim de semana e depois nos deixar vendo melhores momentos e notícias e mais notícias de escalações?
Para nossa sorte, acabou a moleza. Já é hora de ouvir de novo o barulho dos tackles e dos scrums. E de vibrar com as comemorações dos tries e das torcidas, que estão dando ainda mais energia pra este Mundial. É tempo de conferir o que vai rolar nesta quarta-feira:
ZEBRA DE NOVO?
Só quatro dias depois da vitória épica contra a África do Sul, o Japão encara a tradicional Escócia na partida de abertura. O que vale mais nessa hora: as pernas e os pulmões novos dos escoceses ou o embalo de um triunfo histórico dos japoneses? A lógica, o juízo e o retrospecto sustentam a primeira opção, mas é mais divertido e empolgante apostar na segunda.
Para provar que o novo ranking da World Rugby está afiado (Japão em 11º e Escócia em 12º), a seleção asiática aposta em seis mudanças entre os titulares. Várias posições chaves foram mantidas – como o camisa 15 Ayumi Goromaru, que fez 24 pontos contra os Springboks –, mas os forwards têm quatro alterações. Traduzindo: dos oito jogadores mais pesados e “fortes” do time (números 1 ao 8) , metade vem do banco.
A chave da partida, portanto, está em suportar o intenso jogo de base da Escócia. E aí, como duvidar de uma seleção que já superou o jogo físico da África do Sul? Em quatro confrontos na história, no entanto, o Japão nunca venceu os escoceses. A última derrota em 2013, aliás, foi por 42-17. Mas o cenário favorável do Mundial pode ajudar.
Como combustível extra, o time local do estádio de Gloucester tem as mesmas cores de camisa do Japão. Ainda que o capitão escocês Greig Laidlaw seja destaque na equipe inglesa que joga por ali, a rivalidade entre Inglaterra e Escócia deve falar mais alto e pode trazer um impulso a mais para o Japão das arquibancadas.
Jogadores da seleção da Escócia se reúnem em campo na véspera do duelo contra o Japão
OS CANGURUS VÊM AÍ
Para apresentar os australianos, basta dizer que são bicampeões mundiais (1991 e 1999) e venceram recentemente a Nova Zelândia, conquistando o The Rugby Championship 2015, que ainda tem África do Sul e Argentina na disputa.
Nesta quarta, eles fazem sua estreia no Mundial contra Fiji, com o histórico de vencer os fijianos por uma diferença grande de pontos – a última derrota foi lá atrás em 1954. Ao contrário do duelo entre Japão e Escócia, o descanso extra da Austrália deve fazer a diferença contra Fiji, que já perdeu há cinco dias para a Inglaterra.
Ainda não está convencido depois do que o Japão fez com a África do Sul, certo? Vai mais uma então: com o novo ranking, esse “grupo da morte” nunca honrou tão bem o nome, contando com Austrália (2ª), Inglaterra (3ª) e País de Gales (4ª). Dentro de campo, isso significa que os Wallabies australianos sabem que não tem espaço para vacilar contra a boa seleção de Fiji.
Kane Douglas é uma das estrelas da seleção da Austrália de rúgbi
À LA FRANCESA
França contra Romênia, a primeira vista, é um daqueles duelos “Davi x Golias” com tiro certeiro para uma vitória francesa. Ela deve acontecer, mas os atuais vice-campeões mundiais vão enfrentar atletas titulares de equipes da própria França e da Inglaterra.
A confiança francesa no elenco é grande: fizeram 13 mudanças do time que venceu a Itália na estreia – apenas Louis Picamoles e Noa Nakaitaci se mantém entre os titulares. Destaque para a entrada de Wesley Fofana, Morgan Parra e Rémi Talès, jogadores rápidos e inteligentes, que tem a missão de conduzir uma vitória, de preferência com ponto bônus (fazendo pelo menos quatro tries).
Morgan Parra chuta bola de rúgbi em partida da França
DICA DO DIA: Está gostando da Copa do Mundo e deu vontade de bater uma bola? Se ainda não joga rúgbi, há mais de 300 clubes espalhados pelo Brasil. Todos eles aceitam novatos e os recebem muito bem. Aguentar o tranco dos treinos duros, no entanto, vai ser por sua conta. Para encontrar um desses times perto da sua casa, visite o site brasilrugby.com.br
A FRASE: “Viemos para cá com dois objetivos: chegar às quartas-de-final e ser ‘o time’ deste torneio. Com isso em mente, fizemos uma estreia de sucesso, mas não queremos ficar nisso”, Eddie Jones, treinador do Japão, que já comandou a vitória sobre a África do Sul e encara a Escócia nesta quarta-feira.
A IMAGEM: Os jogadores da Irlanda têm tido uma companhia curiosa na hora de dormir. Alguns quadros de ídolos do futebol inglês estão dispostos nos quartos do hotel Hilton, no St. George’s Park (local de treinamento da seleção irlandesa). Os forwards Jordi Murphy e Sean Cronin têm acordado com a imagem de David Beckham. Já o experiente Paul O’Connell tem uma imagem do goleiro inglês Peter Shilton. “Preferia o Packie Bonner”, brincou O’Connell em seu Instagram, se referindo ao goleiro irlandês da Copa do Mundo de 1990.
LONDON EYE: Os All Blacks anunciaram 12 mudanças para o jogo único da rodada desta quinta-feira contra a Namíbia. Os titulares da atual campeã mundial serão: 1. Ben Franks; 2. Codie Taylor; 3. Charlie Faumuina; 4. Luke Romano; 5. Samuel Whitelock; 6. Liam Messam; 7. Sam Cane (C); 8. Victor Vito; 9. TJ Perenara; 10. Beauden Barrett; 11. Julian Savea; 12. Sonny Bill Williams; 13. Malakai Fekitoa; 14. Nehe Milner-Skudder; 15. Colin Slade